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#OscarsSoWhite: a polêmica, o boicote e o mimimi dos outros


Quase uma semana se passou ao anuncio dos indicados ao Oscar 2016 e não se fala em outra coisa em Hollywood. Nas redes sociais todo mundo tem uma opinião sobre o assunto. Há quem ache valido o boicote promovido pelo diretor Spike Lee, a indignação da atriz Jada Pinkett Smith, há quem ache tudo um grande mimimi, vitimismo, enfim. Opiniões não faltam, mas talvez falte mesmo é bom senso para entender que o problema é bem maior do que a simples não indicação de atores negros a premiação mais importante do cinema.

Quando toda essa polemica começou me veio imediatamente a cabeça uma entrevista dada pelo ator André Holland da ótima série The Knick ao comentar a vitoria da atriz Viola Davis a primeira mulher negra a vencer um Emmy como atriz principal em uma série de drama, superando uma hegemonia branca na categoria que durou 66 anos, Holland disse que atores negros não tem as mesmas oportunidades que atores brancos em Hollywood:


“Eu ainda estou nesse lugar de não conseguir as oportunidades que eu quero. E eu não sei o porquê. Quando eu pergunto pro meu agente, a resposta que ele dá é que ‘as pessoas que conseguem papéis nos filmes são geralmente as pessoas que são brancas, jovens e é dessa forma que o negócio funciona’. E eu pergunto: ‘Por que não pode ser pardo? Quem sabe um latino? Um asiático? Por que não pode ser algo diferente do que vemos o tempo todo? ’.

Não é de hoje que os negros lutam por reconhecimento e não é só no cinema. Lutam por representação. Seja no mercado de trabalho, na política, na mídia. Não é então de se estranhar que entre todos os atores indicados ao Oscar não se tenha um ator negro? E não é por falta de bons atores desempenhando bons papeis. Será mesmo que Idris Elba não merecia uma indicação por seu trabalho magistral em Beasts Of No Nation ou ainda Michael B. Jordan por sua atuação impactante em Creed, a falta de diversidade nas indicações da premiação já é antiga e volta a discussão todos os anos.

Talvez o fato da maioria dos votantes serem homens brancos tenha um certo peso nessas escolhas e mesmo com algumas iniciativas sendo realizadas para aumentar a diversidade, isso não tem se mostrado suficiente, Além do evidente problema de não ter nenhum ator ou atriz negra indicado, pelo segundo ano consecutivo, os prêmios da Academia também não recompensam suficientemente o trabalho das mulheres, apenas 24% dos indicados este ano são mulheres. Os críticos de rede social vão dizer de novo que tudo é um grande mimimi.

Não isso não é um mimimi a indignação de atores, diretores é valida, principalmente em um ano de atuações primorosas, de trabalhos incríveis que não foram reconhecidos. E o fato da grande maioria dos votantes da academia serem homens, brancos, mais velhos tem sim um peso nessa hegemonia branca e masculina.

Antes de finalizar esse texto, não posso deixar de mencionar que neste ano, o Oscar será apresentado por um  ator negro, o comediante Chris Rock. E eu torço para que ele consiga com bom humor expressar seu apoio ao movimento durante a cerimônia, direto do palco da premiação mais famosa do cinema. E que discussões como essa sirvam para que nos próximos anos a representatividade seja cada vez maior na indústria do cinema como um todo.

Escrito por LEVI PEREIRA

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