Na semana passada em plena sexta feira de carnaval Beyoncé surpreendeu o mundo ao lançar na surdina seu novo clipe de "Formation", passado alguns dias, o vídeo que ainda não esta listado já tem mais de 22 milhões de visualizações, e contando, mais do que a surpresa, o vídeo tem repercutido e gerado muitas discussões principalmente nos Estados Unidos, reforçados após a sua poderosa apresentação no Super Bowl. Isso prova que Beyoncé tem um poder enorme de atrair a atenção das pessoas, geralmente por sua musica, suas roupas, suas coreografias, enfim, desta vez Beyoncé decidiu mostrar-se também mais politizada.
O vídeo de Formation denuncia a forma como a população negra de Nova Orleans sofreu com as consequências do furacão Katrina e foi esquecida pelo governo Bush, em 2005. O vídeo também reverencia os protestos do movimento “Black Lives Matter”, que acontecem pelo país há pelo menos um ano e meio, desde a morte do adolescente Michael Brown, que mesmo desarmado foi morto a tiros por um policial branco (inocentado) em Ferguson, no Missouri, caso seguido por vários episódios semelhantes em outras cidades norte-americanas.
Em um dos trechos do vídeo, uma criança “rende” policiais, enquanto é possível ler a mensagem “Parem de atirar na gente” uma imagem forte mas, cheia de simbolismo, e que levanta uma questão séria, a forma díspare com a qual a policia trata brancos e negros. Esse sempre foi um tema delicado no país e com “Formation” Beyoncé veio para cutucar feridas profundas da sociedade, mas nesse texto que eu comecei a escrever na madrugada, após assistir ao vídeo eu gostaria de destacar esse jovem chamado Messy Mya, rapper e comediante negro que dá titulo a este texto e que ao colocar em seu vídeo de “Formation” Beyoncé acabou por colocar luz em sua trágica história, o rapaz não aparece no vídeo mas sua voz abre o clipe perguntando "What happened at the New Orleans?"
Confesso que nunca tinha ouvido falar dele até ler uma matéria no site da revista VICE, que conta sua história. Messy tinha um canal no Youtube onde falava sobre seu bairro fazia piadas com seus vizinhos, mas também denunciava a violência sofrida pelos moradores daquela área principalmente aquela cometida pela policia, seus vídeos nunca viralizaram e se tornaram populares apenas em Nova Orleans, seu canal tinha pouco mais de 18 mil inscritos, hoje o vídeo da qual a frase foi retirada já tem quase 2 milhões de visualizações.
Em 2010 Messy foi baleado enquanto saia do chá de bebê de seu filho que estava prestes a nascer, um rapaz chegou a ser preso acusado pelo crime, mas pouco tempo depois foi inocentado, moradores de seu bairro acreditam que ele foi morto pela policia, mas esse ainda é um assunto proibido por lá. Messy morreu jovem tinha apenas 22 anos e sua história talvez passasse em branco assim como tantas outras se Beyoncé não tivesse lançado esse clipe.
Agora fazendo uma reflexão maior quantos morrem diariamente sem gerar nenhuma comoção, não viram noticia, não aparecem em videoclipes e suas existências passam em branco restando apenas a dor das famílias, acabam virando um numero numa estatística cruel, ao levantar questão num problema tão grave quanto esse Beyoncé coloca a lente numa realidade que não é vivida só pelos americanos, mas em todo o mundo inclusive aqui no Brasil.
Nos acostumamos com essa truculência, quando um caso de violência policial vira noticia, a indignação aparece, escrevemos textos indignados no facebook, compartilhamos revoltados matérias sobre o assunto, mas, depois a indignação vai embora e o silencio prevalece até o próximo caso aparecer. Só que infelizmente essas histórias não são roteiros de um videoclipe e sim retratos de uma existência cruel que muitos ainda preferem não ver, talvez porque ela não os afete diretamente ou talvez por puro comodismo, No entanto o silêncio e a omissão também nos torna cúmplices dessa realidade.
Escrito por LEVI PEREIRA
Escrito por LEVI PEREIRA
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