Todo mundo viu a cena que foi ao ar na segunda feira na
novela Amor a Vida inclusive nós, e diferente da maioria agente detestou e
abaixo reproduzimos um texto do site Box de Séries que reproduz exatamente o
que pensamos sobre a cena mais
lamentável em Amor à Vida.
Parem e pensem um pouquinho. Você é um autor de novelas
renomado, que fez uma carreira muito sólida nos horários das seis e das sete. E
você f oi convocado para escrever um folhetim no horário nobre. E ainda
conseguiu criar um vilão aceitável, que caiu nas graças do público. E esse
vilão tem um segredo bombástico porque jogou a sobrinha recém-nascida em uma
caçamba coletora de lixo. E esse vilão será desmascarado em uma cena aguardada
ao longo de toda a novela.
Para completar a situação hipotética, você tem à sua
disposição o talento de Antônio Fagundes, de Nathália Timberg, de Susana
Vieira, de Elizabeth Savalla, de Mateus Solano. E o que é que você consegue
fazer com tudo isso?
NADA. Você só é
capaz de escrever uma cena lamentável, constrangedora, desnecessária.
A começar pela construção narrativa que culminou na cena
de segunda-feira da novela Amor à Vida. Se já não bastasse chupinhar Grey’s
Anatomy, o senhor Walcyr Carrasco transformou o Fagundão no agente Peyton
Driscoll. Echarpe com marcas de sangue preservadas por mais de dez anos,
secretária pegando as digitais do patrão impressas em uma xícara, contatos com
um datiloscopista (nunca achei que um personagem de novela fosse usar essa
palavra durante uma discussão fazendo soar tão normal quanto a palavra “sofá”).
E eu lá, sentado no meu sofá, presenciando esse circo de horrores.
E os diálogos? Meu Deus, os diálogos! Que coisa mais
fraca! “Vamos levar o caso à polícia?”. “Não, não é mais caso de polícia, É
CASO DE VIDA.” Até eu que sou mais leigo, sei que sequestro, tentativa de
homicídio, omissão de socorro,tudo é
caso de polícia. Aí vem a Timberg e repete tudo o que já foi dito, só que com
outras palavras: “César, você pretende levar o caso à polícia?”. E qual a
resposta que o Driscoll dos trópicos dá? “Não, isso prejudicaria muito o San
Magno.” E o Salvador, que de salvador só o corpo mesmo, assume a voz dos
milhões de brasileiros, e pergunta: “Até numa hora dessas o senhor pensa no
hospital?!”. Como bem disse a Gi, minha amiga, o nome da novela deveria ser
AMOR AO HOSPITAL, que a vida mesmo não conta. Obrigado, Gi!
Só que o pior não é isso. Paolla Oliveira, que todo mundo
sabe que tenho certa ojeriza, tem mais uma chance de provar que é mais que um
rostinho bonito na televisão, faz sabe o quê? Faz sua tradicional cara de louca
reloaded, borra o rímel, fecha os olhos como se tivesse mil graus de miopia e
faz a louca desolada, uivando. Como é que alguém continua investindo nessa
moça? Deixa ela como coadjuvante e tá tudo em casa.
Pior que ela só o moleque que faz o filho do Félix e que
eu nem me dei ao trabalho de googlear para saber o nome do ator. Afinal, além
de não ter paciência com quem tá começando, eu não sou obrigado a saber o nome
de ator péssimo. O couro comendo, o circo pegando fogo, e ele lá, estático,
impassível, com aquela cara de lhama em pleno Dia da Marmota! Isso porque eu
nem vou falar do mordomo.
Savalla avulsa, só dizendo algumas expressões de “oh”,
“meu menininho”, e coisas do gênero. Não agregou valor ao camarote.
E o pastor? Gente, que fala é essa: “Evangélico não
mente”? E para que sutileza se eu posso dar closes constantes nas letras
garrafais de uma capa da BÍBLIA SAGRADA? Isso me deixou ainda mais constrangido
diante de tudo isso.
O que salvou nesse balaio de gato? O Mateus Solano, as
usual. O cara tá tirando leite de pedra daquele texto medíocre. Épico vê-lo
quebrando cadeiras e mais cadeiras (confessa que você sentiu vontade de fazer o
mesmo!), enquanto vomitava falas apelativas, retiradas de algum manual de
psicologia barata freudiana e se contorcia no chão em posição fetal. Mérito do
ator, claro, que conferiu certa dignidade ao texto indigno.
Saí da sala antes da conclusão do evento. Walcyr mirou na
grandiosidade e acertou no mediano. Saudades de um bom autor como o João
Emanuel Carneiro que conseguiu escrever, como poucos, uma boa cena de
desmascaramento de vilão. E depois de segunda, resta a pergunta: tem como ficar
pior?
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